terça-feira, 25 de junho de 2013

Eutanásia

Diante todo aquele sentimento óbvio e previsível ele sentiu o vômito em sua goela. Golfou quase que literalmente só de pensar em depressão por mortes de filhos, por desespero a doenças mentais, por medo diante a estupro.
- Consegue ser mais desprezível do que esse bolo de realidade mal escrita? Quando você morre, suas tripas vão ser comida de vermes. Seu corpo é um monte de carne e tripas que não servem de nada. Vá em uma montanha bem alta e longe da cidade. Lá não tem ninguém, você está sozinho em frente aquela imensidão e descobre que não é nada, mas aquilo não é nada perto de outros planetas. Na verdade você é um bolo de merda, absolutamente inútil. Essa é a única verdade. De que vale todo o resto de realidade que você me diz, se fala o óbvio.
- Fracamente, você pode mais, qualquer um pode mais do que retratar tudo isso. Quero te ver chocando com ódio pela vida de um bebê que nasce, infelicidade piegas diante a um namoro comum, alegria pela morte de um marido carinhoso. De que realidade me interessa se deus já cuidou para nos dar olhos. Até amor me é mais interessante do que isso aí. Que amor te deixa louco e exagerado. Francamente. Sofrer por coisas sofríveis é normal demais para ser tão descrito. Apenas pare de

domingo, 23 de junho de 2013

Carta a nós

Querida menina forte, por que faz isso com o meu coração? 
Não sei se tenho muito pra dizer, na verdade, não sei se vai sair mais que "o que você está fazendo aí com esse rapaz?". Não que eu seja ciumento, longe disso, eu só não te quero com um outro garoto que eu sei que nem presta atenção nos seus olhos lindos, ou nas suas fotos maravilhosas.
Sabe menina, você deveria me ouvir mais vezes e começar a parar de preguiça, ainda mais essa sua tal preguiça de amor.
Isso que era para ser uma carta, agora só me parece várias frases juntas, todas elas te pedindo para por favor ficar em minha vida.
Não sei se é amor, paixão, ou só loucura, mas o que eu realmente quero é que a gente more em um apartamentinho apertado, com rosas plantadas na janela, com um sofá de estampa de liberty e almofadas vermelhas. E com você, de cabelos desgranhados, com uma blusa minha, de calcinha e meias. Jogada no sofá e vendo um filme de Almodóvar, enquanto te preparo um café forte.
Não quero chegar aqui e te escrever uma poção de sinônimos difíceis para amor, ou para suas características, nem pro seu sorriso maravilhoso. Eu quero mesmo é passar essas palavras direto para o seu coração e assim começo a desejar que me olhe e diga "nossa, mas eu quero que esse moço traga os discos dele aqui pra casa, nós vamos ouvir Legião e Roberto a noite toda". Não que eu queira casamento oficial, mas morar contigo por uns meses, ou anos, seria incrível.
Talvez eu nunca te entregue esta carta. Talvez eu nunca tenha coragem de te falar nenhuma destas palavras. Mas talvez eu crie uma veia cavaleira e resolva roubar/salvar seu coração para mim. Ou então eu me torne o rapaz que você deseja que eu seja, só para que você me namore de longe exatamente como eu te namoro.
Imagina moça, eu passando no meio de uma multidão que está assistindo uma apresentação qualquer, só pra ir lá no palco pegar brinde, agora eu começo a te imaginar olhando para mim como eu olho para você, me admirando, querendo saber dos meus jeitos, querendo me conhecer melhor que eu mesmo.
Eu quero ser velhinho e completar suas frases, mesmo as que você nunca tinha dito antes. Eu quero ser avô de seus netos e quero que você conte histórias lindas que vivemos quando fomos para a França, para Inglaterra, pro Japão, para todos os lugares. Enquanto conta tudo isso para os netos, estarei preparando um bolo, com aquela receita que pegamos na Itália. Eles sentados no chão e você alisando um gato que adotamos, na cadeira de balanço que compramos na Índia.
Ou a gente pode não ir para lugar nenhum e ficamos abraçadinhos na cama que papai me deu. Tanto faz, moça. Tanto faz todo o resto, basta ter a gente e depois os meninos, mais tarde as crianças e depois de tudo a gente morre junto, na cama. Dormindo, ou fazendo amor. Tanto faz mesmo moça. 
Agora tome esse café e me chame para sair.
Com amor... Você sabe.
Ps.: Será que um dia você lerá isso tudo?