sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Eu nasci e me criei totalmente errada e fora de normatividade.
Fui feita para morrer em cada verso de cada poesia

E eu morri.
Tão fraca, feia, mal vestida
Tão gorda, mal educada, tão burra.

Morri e nem ao menos salvei uma alma se quer.
Morri sem mudar o mundo, morri sem fazer um sorriso.
Morri por morrer. O sol nasceu, as flores no meu túmulo secaram.
O tempo passou e minha morte já era o comum.

Quando eu vivi, não havia mais ninguém.
De minha morte se fez rotina e da minha vida, preconceito.
Não tinha mais ninguém por mim, tudo tinha passado.
Não havia mais uma oração antes de dormir,
Ninguém pensava mais como eu me sentia.
E eu nunca tive certeza de que podia realmente amar.

Eu vivi sem nem ao menos ter uma vida.
Eu abri os olhos e os meus problemas eram só meus,
As minhas lágrimas me afogavam porque não tinha ninguém para enxuga-las.
Eu era o pó derramado no mar e a solução de muitos problemas.

Um mendigo não pode ser agredido com um moeda,
Mas em minha cara, o perdão foi cuspido cheio de catarro e falsa esperança.
Não toque mais em mim, não fale mais o meu nome.
Eu posso provar com cada lágrima sangrenta, quantas vezes eu morri.
Tenho gravado em cada risco, sua voz subentendida me gritando.

Eu errei uma, duas, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, milhares de infinitas vezes
E eu te pedi perdão. Eu sofri e chorei com cada erro e te pedi perdão.
Mas o meu sofrimento causado por mim mesma não conta.
Me faça sofrer você mesmo. Entre justiça e vingança.
Entre reciprocidade e ego.
Não importa mais. Não sorria mais, nunca mais.
Você me agrediu com suas mãos, com suas palavras,
Você aceitava e agia bem com o meu silêncio,
Mas ouço cada dedo muito bem justificado para me ferir.