sábado, 19 de janeiro de 2013

Solidão a dois

E lá estava. Rodeada de lágrimas de chuva.
Sabia que o tempo estava perfeito para ver um filme agarradinha com o namorado. Ou um romance pra chorar sozinha. Ou uma comédia romântica com a melhor amiga.
O céu estava branco de nuvens. Nuvens tristes: sem cavalos, ou rostos. Apenas o branco do céu.
Um sorriso surgia em sua boca. A sensação de solidão que nascia nas bordas de sua língua e escorregava até a ponta trazia um sabor adocicado.

Sabia que a solidão era uma coisa ruim e que todas as pessoas estavam a procura de alguém para envelhecer. Como podiam? Talvez fosse um pouco autista. Talvez as piadas que não foram ditas fossem mais engraçadas. Talvez fosse só a saudade daquele velho amor.
"Difícil é esquecer quando o mundo foi feito de ti". Ligou certa noite para dizer-lhe essas palavras, mas a vida não é um sonho... a ligação estava cortando e ele ficava repetindo "O que? O que?". Perdeu a magia, desligou.

Pensava em chegar em casa e ter apenas um prato para colocar na mesa e resolver comer em pé do lado da pia. E no silêncio que vai estar. Em trancar o portão porque sabe que mais ninguém vai chegar. Sentar sozinha no sofá. Sem conversar. Sem nem falar. Nem aquele silêncio gostoso quando estão lendo juntos. Nada disso.De repente ficou ansiosa para viver isso tudo. Pensou em dançar sozinha de calcinha na cozinha. Transformar o silêncio na voz de Freddie Mercury e entender exatamente o que ele quer dizer com "I want to break free". Suspirou. Que solidão gostosa.

Um comentário:

  1. Um prato de batata frita e um filme dramático. A solidão as vezes é acolhedora...

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