sábado, 30 de abril de 2011

010- Refrão de um bolero - Engenheiros do Hawaii


- Eu não sei o que fazer, Coração. Estou completamente perdido sem você; eu sei que as coisas não foram como o esperado, eu sei que queriamos mais que isso, eu sei, mas por favor, Coração, vamos recomeçar... eu aceito qualquer coisa, eu te amo!- era apenas isso que eu conseguia sentir, era apenas sobre isso que eu conseguia falar. As pessoas ao meu redor não aguentavam mais me ouvir falando dela assim, cansavam de falar que ela estava assim porque eu sou era assim com ela. Mas era apenas isso que eu conseguia ser, apenas eu, louco por ela.
- PARE! para de fazer isso, nada vai mudar, somos isso agora... não foi pelo que aconteceu, apenas acho que já aconteceu tudo que deveria acontecer e o "motivo" pelo que terminamos foi o "Adeus" apenas isso... não a causa, ou a razão; apenas a consequência do que já não eramos. - eu via em seus olhos que não fazia diferença, que não lhe doia eu ter beijado outra, eu via nos olhos dela um "graças a Deus, só estava esperando um motivo", mas mesmo assim eu só conseguia clamar para que fique tudo bem, para que superemos isso, para que fosse um pesadelo macabro. Eu só queria acordar e olhar para o rostinho amassado dela, com um ar calmo, ao meu lado; olhar para seu corpo e te ver com uma blusa minha, só isso que eu queria, apenas isso... eu só queria te ter novamente; eu sentia como se a eternidade não fizesse mais sentido sem o seu corpo encolhido ao meu lado, pedindo um abraço protetor. Por que eu a traí?
Meses Haviam se passado e sua expressão de indiferença me matava; a minha garotinha, a minha menininha que eu cuidei, que eu abracei... o meu coração era ela, ela era o meu Coração. Mas eu não existia mais dentro de ti. Em um banco qualquer de uma praça qualquer, de uma vida qualquer estava eu me destruindo, me lembrando de como o nosso começo dinha sido "mágico", nós eramos a prova do "amor à primeira vista" e tinha chegado ao fim, eu não conseguia acreditar.
Consigo me lembrar exatamente como as coisas aconteceram, uma garota até então insignificante, apareceu e com um ar compreensivo, abraçou-me. Eu não a conhecia, mas onde eu estava, aquilo me fez sentir-me humano mais uma vez. Um abraço inexperado e desconhecido. Uma estranha havia entendido a minha dor...
- Espero que esteja aproveitando isso que está sentindo, nunca mais vai sair dai. Você chegou ao fim do poço e é ai o seu lugar, o lugar em que homens babacas e infieis devem ficar. - hoje suas palavras não me paressem tão crueis, mas onde eu estava, bem onde ela falou, isso me fez cavar ainda mais, chegar mais em baixo.
Com seus coturnos e cabelos pretos demais se afastou lentamente e mesmo de costas eu sentia um riso em sua boca. Desumana, mais que isso... uma vagabunda que me ensinou o que era o ódio. Sinceramente se eu tivesse forças para levantar, se ainda mais, se eu conseguisse matá-la, eu poderia ficar para sempre em uma cela que estária tudo bem, tudo perfeito! Mas eu só morri ainda mais, ali. Em segundos o ódio domou o meu corpo, mas a sua figura estava longe demais. Guardei a sua face em minha memória para que se um dia voltasse a vê-la, fosse a última.
Anos depois, quando já estava lá em cima, quando o poço para mim era uma lembrança vergonhosa, mas que me ensinou a viver, me ensinou mesmo a ser homem, me fez ver que não era aquilo que eu queria para mim. Com o mesmo cabelo e coturno pretos me aparece ainda com aquele riso destruidor.
- Você não sabe como eu esperei para te reencontrar - Segurava seu braço fino, forte demais, sentia que a estava machucando, mas aquele riso perverso, ou irônico ainda estava brilhando fortemente em seus lábios molhados.
- Eu te salvei, babaca... se não fosse por mim ainda estaria chorando e lambendo o chão que aquela vádia pisa. Não tá vendo que a sua traição foi só uma desculpa, a verdade é que com a traição ou não, vocês não iam ficar mais juntos, não sei como você aguentou tanto tempo, você é meu herói, só é meio burro. - Com certeza sem aquele ódio que essa desconhecia havia me proporcionado eu não sairia dali tão cedo, mas eu não conseguia entender como ela parecia saber de tudo.
- aa... - completamente sem palavras. Até hoje não consigo imaginar o que poderia ter dito naquele momento.
O tempo passou e eu aprendi...
O Amor Verdadeiro. O Verdadeiro Amor. Verdadeiro, o Amor. amor,O verdadeiro. Finalmente aprendemos amar, finalmente conseguimos sobreviver a nós mesmos; o grande problema das pessoas é achar que o amor verdadeiro nasce assim, em um estalo... HAHAHAHA é muito mais que isso, muito mais complicado, é muito mais complexo, por isso é O Verdadeiro que sobrevive a tudo, a todos.
Eu e a minha desconhecida.
(um beijo para quem leu tudo.)

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